Você sabia? O adoecimento mental geralmente é progressivo, silencioso e discriminado

Por mais que o mundo atual esteja mais consciente a respeito da importância dos cuidados em saúde psicológica, paradoxalmente ainda mantemos um estilo de vida que vai na contramão das muitas recomendações preventivas sobre o adoecimento mental.

Isso acontece, geralmente, devido ao olhar reducionista que ainda possuímos em relação ao conceito de “doença”. Na prática, ainda enxergamos o ser humano por compartimentos, em partes, e não como um todo integrado cujas peças funcionam conforme a harmonia dos seus componentes.

Nesse quesito, o adoecimento mental é prejudicado porque diferentemente de uma doença possível de ser diagnosticada, por exemplo, através de uma tomografia, o sofrimento psicológico é subjetivo, pois está no campo das emoções, envolvendo também a complexa rede de processamento neural e hormonal.

Uma vez que a doença (mental) não aparece no “raio X”, por exemplo, a sua identificação se torna mais complexa, assim como a percepção do seu início. Esse é o motivo pelo qual o adoecimento mental é, por vezes, progressivo e silencioso: porque ele avança à medida que não o identificamos precocemente, passando a existir em nossa rotina como uma espécie de agente oculto.

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Identificar esse agente oculto o quanto antes, nomeá-lo e tratá-lo, é o grande desafio de quem lida com a saúde mental. Em muitos casos isso pode ser feito de forma rápida, já que os sintomas são gritantes, embora negligenciados. Em outros, essa identificação pode requerer dias, semanas e meses de atendimento psicoterapêutico para que o fator-doença seja corretamente nomeado.

Outro elemento agravante é o olhar discriminatório sobre quem sofre de adoecimento mental. Exatamente por causa da falta de um olhar holístico sobre o indivíduo, tendemos a ver, infelizmente ainda, o sofrimento psicológico como algo relacionado à “fraqueza” ou até “preguiça”.

Essa postura discriminatório não ajuda em absolutamente nada, mas pelo contrário, reforça a manutenção de estereótipos que só prejudicam o correto diagnóstico psicopatológico, uma vez que induz aos indivíduos um olhar de como quem não se vê sujeito a esse tipo de adoecimento, o que é falso.

Conclusão

A mensagem que deixo no artigo de hoje é simples: não confunda a identificação do adoecimento físico com o mental. Quem sofre no âmbito psicológico, em alguns casos, pode nem perceber que já está em estágio avançado de adoecimento e requer tratamento urgente.

Dores na alma (emoções, mente…) não sinalizam do mesmo modo que uma enxaqueca ou dor na barriga, apesar de algumas vezes fazer uso desses recursos para aparecer.

A progressão lenta e silenciosa é a característica essencial do sofrimento mental, e é por estas lentes que devemos enxergar o outro e a nós mesmos, pois é isto o que nos dará condições de evitar o agravamento do adoecimento, consequentemente de preservar a nossa saúde como um todo, e não em partes.

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